domingo, 4 de maio de 2014

Racismo institucional na USP

NOTA DE REPÚDIO AO RACISMO INSTITUCIONAL NA FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (FMUSP)
O Centro Acadêmico dos cursos de Nutrição e Saúde Pública da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP/USP) Emilio Ribas (CAER) vem por meio desta repudiar a ação racista do corpo de segurança da FMUSP que na noite de quarta-feira (30/05) impediu a entrada na aluna do 1° ano de Graduação em Saúde Pública Mônica Mendes Gonçalves por ser preta.
Ao chegar na entrada do prédio da FMUSP por volta das 19:40h, ela foi impedida de entrar mesmo após apresentar sua carteirinha sob o argumento de que só era permitida a entrada de alunos da medicina pois haveria uma festa, logo o CAOC (Centro Acadêmico de Medicina onde fica o Pub Med. local onde Mônica marcou de se encontrar com outros colegas de turma) estava sendo evacuado. Notando porém, que outras pessoas não estavam tendo problemas em entrar no prédio, Mônica o contornou e notou que seus colegas de turma estavam dentro do Pub Med. e que no mesmo não havia festa alguma. Retornou a entrada principal questionando o real motivo do impedimento em vista da incompatibilidade entre a justificava apresentada pelos seguranças e o que havia visto e solicitando um responsável que pudesse mediar a questão.
Um guarda, que se identificou como o responsável por intervir nessas situações se apresentou e nesse mesmo momento um homem branco entrou no prédio sem precisar se identificar.
Escoltada pelos seguranças, Mônica entrou no prédio depois de muito argumentar que estava tendo seu direito de ir e vir violado.
O racismo institucional é justamente o elemento que quando negado inviabiliza seu enfrentamento e erradicação. Com isso o povo preto se vê constantemente alijado de seus direitos constitucionais e exercício de sua cidadania plena. A ausência desse reconhecimento pela Universidade de São Paulo é nítida visto sua posição inflexível quanto a adesão do sistema de cotas, o que é só um exemplo de uma série de mecanismos aparentemente sutis ora implícitos ora explícitos que estão presentes na atuação de seus agentes que inviabilizam o tratamento e acesso equânime entre quem branco e quem é preto.
Foi com o argumento de estar cumprindo ordens que a segurança da FMUSP barrou a companheira Monica na entrada, justamente o mesmo argumento que se utiliza a Polícia Militar para se justificar quando assassina jovens pretos nas periferias de todo o país.
Entre os diversos casos de racismo na USP esse ano tivemos os ocorridos em 13/03 em o do professor André Martin, chefe do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia e Letras, que disse que “Se o exército brasileiro não estiver lá (no Haiti), quem vai pôr ordem na macacada?” e o de 8/04 onde no campus Ribeirão um jovem preto estudante de Direito foi ameaçado com uma arma de fogo e insultado por um Policial Civil dentro do campus Ribeirão.
Nós pretos somos a maioria apenas entre o contingente de profissionais precarizados que servem os filhos da elite branca nessa universidade e a FMUSP é uma representante importante dessa realidade. A Casa de Arnaldo Vieira de Carvalho parece não ter superado seu passado eugenista, o povo preto tem menos de 2% de nossos irmãos e irmãs como alunos.
RACISTAS NÃO PASSARÃO!!!

Centro Acadêmico Emilio Ribas Gestão Pluralidade 2014