quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Resistência

Ontem tive a honra de assistir a um momento único, lindo e mesmo as pessoas não querendo, um ato político.
Em plena periferia, em um bar que se tornou um centro cultural, fui bombardeado de poesias retratando  protestos,  contos,  risos e choros, amores e frustrações.
Isso é uma prova que as pessoas estão acordadas, vivas, mostrando que uma parcela da sociedade não está alienada, vivendo o que a mídia impõe goela abaixo.
A Cooperifa, assim como os vários movimentos alternativos representados por saraus, mostra para as pessoas que é possível sim uma transformação, que sonhar é bom, que realizar é melhor ainda.
Ainda bem que existem pessoas que fazem isso acontecer. Começo a creditar que ainda é possível transformar essa sociedade.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Reportagem sobre ensino afro na educação

 
Mau preparo de professor atrapalha ensino de literatura afro
Educadores afirmam que há boas obras e materiais didáticos disponíveis, mas docentes ainda não sabem como trabalhá-los em sala
Marina Morena Costa, iG São Paulo | 20/11/2010 06:01


Uma menina negra, com vasta cabeleira, tenta entender por que seu cabelo não para quieto. Ela encontra um livro sobre países africanos e passa a compreender a relação entre seus cachos e a África. A história é contada no livro “Cabelo de Lelê”, de Valéria Belém, e segundo a pedagoga e pesquisadora Lucilene Costa e Silva, um dos bons exemplos de literatura afro-brasileira infantil. “Nas séries iniciais, as crianças estão construindo a identidade. Ter acesso a obras que mostrem personagens como elas é fundamental”, avalia.
Leia também
Lucilene dá aula há 20 anos na rede pública de ensino do Distrito Federal e conta que sentia falta da imagem negra nos livros de literatura infantil. “Cheguei a contar a história ‘Chapeuzinho Vermelho’ usando uma boneca negra com capuz vermelho. Hoje sei que isso não é mais necessário. A África tem histórias, personagens e enredos lindíssimos.”
Atendendo à lei 10.639, que determina o ensino de cultura afro-brasileira nas escolas, o Ministério da Educação (MEC) e as secretarias municipais e estaduais de ensino têm cada vez mais distribuído obras e vídeos protagonizados por personagens negras ou que abordam a diversidade étnico-racial. “É visível o aumento na quantidade de material didático e para-didático disponível sobre o tema após a implantação da lei”, afirma Luciano Braga, professor de Artes há 15 anos das redes municipal e estadual de São Paulo e co-autor, junto com Elizabeth Melo, do livro “História da África e afro-brasileira – em busca das nossas origens”, lançado em 13 de maio de 2010.
http://i0.ig.com/fw/1m/ec/xb/1mecxbqeykpbg001wxdgxe1no.jpg
Foto: Thinkstock
Educadores afirmam que a literatura infantil sobre diversidade étnica ajuda a combater a discriminação racial
O professor conta que obras com contos e lendas africanas são uma novidade recente nas duas escolas onde dá aulas. “Estamos recebendo livros nos quais o herói é uma criança negra ou onde há personagens brancos e negros. A questão não é valorizar uma cultura ou outra e sim fazer com que a criança se sinta pertencente ao meio. É assim que combatemos a discriminação”, ressalta. Da mesma forma que contos de fada e histórias europeias são narrados em sala de aula, histórias e lendas africanas e indígenas devem ser apresentadas, defende o professor.
No livro infantil “Betina”, de Nilma Lino Gomes, uma avó trança os cabelos da neta e conversa sobre seus ancestrais. “Na África as tranças têm diferentes significados e o cabelo é muito importante para a mulher. Está ligado à identidade”, explica Lucilene. Quando a professora termina de contar a história de Betina, uma menina de rosto redondo, olhos negros e cabelo todo trançado, os alunos ficam encantados. “Todas as crianças, negras e brancas, querem ser a Betina”, conta.
Formação de professores
Lucilene desenvolve pesquisa de mestrado na Universidade de Brasília (UnB) sobre a presença da literatura afro-brasileira no Programa Nacional Biblioteca da Escola do MEC, que distribui obras de literatura, pesquisa e referência para as escolas públicas brasileiras. Apesar de o ministério não ter um levantamento específico das obras que abordam essa temática, a pesquisadora afirma que os livros estão presentes no catálogo oferecido. “É um avanço, mas em muitas escolas do DF as obras chegam e ficam encaixotadas, porque os professores não sabem como trabalhá-las”, afirma.
Em São Paulo, Braga promove palestras e oficinas sobre diversidade étnica e encontra o mesmo problema: materiais didáticos deixados de lado porque os professores não sabem como usá-los.
A coordenadora da área de diversidade do MEC – Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad) –, Leonor Franco, reconhece que o principal entrave para a aplicação da lei é a formação dos professores. “O nó da questão é a qualificação, a formação de professores e gestores. Não basta capacitar só os professores, tem que sensibilizar todos os funcionários da escola, os diretores, o secretário de educação. Não adianta colocar livro na escola se o professor não souber o que fazer com aquilo”, afirma.
Segundo Leonor, grande parte do problema está no ensino superior. A temática e o conteúdo da diversidade étnico-racial não estão nos cursos de licenciatura: “Nossa formação continuada é quase uma formação inicial”, critica. Outro desafio é a ampliação de parcerias para oferecer cursos de capacitação. Atualmente os editais do MEC são voltados apenas para instituições de ensino superior federais e estaduais. “Temos secretarias de ensino que têm condições de promover capacitação. O resultado é que a gente tem tido dinheiro (na Secad), mas poucos projetos bons para formação de professores.”
Salloma Salomão, músico e doutor em História Social pela PUC-SP, atua na formação de docentes pela rede de educadores Aruanda Mundi. Nos últimos cinco anos, cerca de 3 mil professores de mais de cinco Estados diferentes foram capacitados. “Faltam investimentos das secretarias em projetos formativos sistemáticos e de longa duração”, aponta. Segundo Salomão, os cursos oferecidos pela Aruanda têm duração mínima de 120 horas, mas o ideal seriam 360 horas e dois anos de duração.
O historiador destaca a importância do uso das tecnologias na capacitação dos docentes. Por meio de plataformas da internet, Salomão promove a interação de professores brasileiros com africanos, principalmente de países de língua portuguesa. “Falar de África não significa tirar o sapato e pisar na terra. Há inúmeras possibilidades com o uso da tecnologia. Eu precisava de um mapa étnico-linguístico da África e um pesquisador da universidade de Coimbra nos forneceu o material. É um processo de aprendizagem com o que há de mais contemporâneo.”
 
Veja a lista de obras de literatura afro-brasileira para crianças indicadas pela professora e pesquisadora Lucilene Costa e Silva:
A serpente de Olumo – Ieda de Oliveira – Ed Cortez Editora
ABC do continente africano –Rogério A. Barbosa – Ed. SM
Anansi, o velho sábio – Um conto Axanti recontado por Kaleki – Ed Companhia das Letrinhas
Ao sul da África – Laurence Questin – Catherine Reisser – Companhia das Letrinhas
Betina – Nilma Lino Gomes – Mazza Edições
Brinque- Book conta fabulas – Bob Hortman e Susie Poule
O Cabelo de Lelê – Valéria Belém – Ibep Nacional
Chuva de Manga – James Rumford – Ed brinque Book
O dia em que Ananse espalhou a sabedoria pelo mundo – Eraldo Miranda – Editora Elementar
Doce princesa Negra- Solange Cianni- Ed-L.G.E
 
Era uma vez na África – Jean Angelles – Ed. LGE
Euzebia Zanza – Camila Fillinger – Ed Girafinha
O funil Encantado - Jonas Ribeiro - Ed Dimensão
Gente que mora dentro da gente-Jonas Ribeiro-Ed Dimensão
Histórias da Preta – Heloisa Pires Lima –Ed. Companhia das Letrinhas
Ifá, o advinho; Xango, o Trovão; Oxumarê, o Arco-iris – Raginaldo Prandi – Ed. Companhia das Letrinhas
 
Krokô e Galinhola – Um conto africano por Mate – Ed brinque Book
O livro da paz-Todd Parr- Ed Panda-Book
Lendas Africanas. E a força dos tambores cruzou o mar - Denise Carreira - Ed. salesiana
O mapa – Marilda Castanha – Ed. Dimensão
Meia dura de sangue seco – Lourenço Cazarré – Ed. LGE
Na minha escola todo mundo é igual - Rossana Ramos e Priscila Sanson - Ed Cortez
Nina África – Lenice Gomes, Arlene Holanda e Clayson Gomes – Ed. elementar
A noite e o Maracatu – Fabiano dos Santos – Ed Edições Demócrito Rocha
Orelhas de Mariposa - Luiza Aguilar e Andre Neves-Ed Callis
O presente de Ossanha – Joel Rufino dos Santos- Ed. Global
Por que somos de cores diferentes? – Carmem Gil- Ed girafinha
Que mundo maravilhoso – Julius Lester e Joe Cepeda – Ed Brinque Book
Sergio Capparelli – Ed. Global
Tem gente com fome – Solano Trindade Ed. Nova Alaxandria
Os tesouros de Monifa – Sonia Rosa – Ed Brinque-Book
Todas as crianças da terra – Sidónio Muralha –Ed Global
Uma menina e as diferenças – Maria de Lourdes Stamato de Camilis-Ed Biruta
Viver diferente – Lilian Gorgozinho – Ed L.G. E Editora

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

grandes aprendizados, grandes professores



Grandes aprendizados, grandes professores


Por Bia Mendes
Educação não vem só de casa, vem de todos os lados. A gente aprende com aqueles amigos que dão conselhos, com os pais dos amigos, com estranhos na rua (quando estes nos fazem pensar, com atitudes singelas), enfim, aprendemos com muitas das pessoas que cruzam nosso caminho. Porém, ainda assim, a escola é onde acontece boa parte do nosso desenvolvimento.
Nossa jornada escolar dura 11 anos da nossa vida, nos quais geralmente ganhamos nossos melhores amigos, conhecimentos úteis (ou inúteis) e boas, engraçadas (ou vergonhosas) lembranças. Conhecemos também vários professores e de alguns a gente esquece o nome, não lembra muito. Enquanto outros são memoráveis e viram sinônimo de admiração e referência.

Posso afirmar que fui muito, mas muito sortuda na minha vida escolar :) e vou tentar comentar dos meus grandes professores, por “ordem de chegada” rs
A primeira, linda e muito querida foi uma do pré, chamada Luciana. Ela era gordinha e eu adorava abraçá-la! Ela não ficava mandando, e a aula era muito, muito gostosa…não tinha um dia que eu não voltava com um big sorriso no rosto!
No fundamental tive a Maria José, que não desistia em pegar a mão de cada um, com muita paciência e acima de tudo, amor! Ela adorou receber a notícia de que entrei na faculdade, porque como ela dizia, “somos também filhos dela”.
No ensino médio tive 3 professores que merecem todo reconhecimento do mundo!
O primeiro deles, é o professor Rodrigo Salmazo, de matemática. Confesso que de tão calmo algumas aulas causavam sono rs ele é um poço de paciência, e explicava tudo com tanta naturalidade, que podia ser uma equação de 100° grau, a gente respondia brincando! E mesmo trabalhando com matemática (algo não obviamente fácil de fugir do convencional), ele tirava a gente da sala de aula, com uns planos incríveis! Uma vez fizemos um objeto (não me lembro o nome), e saímos medindo as árvores da escola inteira rsrsrs nesse dia até aqueles alunos que não param na sala, participaram até o fim ;)
Outro professor foi o Luciano Braga, de artes. Já na 5ª ou 6ª série, nada de ficar desenhando sol e casinha: a gente trabalhava a coordenação motora, fazia teatro (junto com a Ana Karina Manson, que vou comentar abaixo), levava instrumentos pra escola. Ele foi um dos responsáveis pelas feiras de ciências, as semanas culturais, as apresentações…sempre incentivando e pirando no que a gente tivesse vontade. Com ele, também, fizemos na 8ª série um curta em homenagem às mães (ele mostra pros alunos até hoje). Participamos também de um festival de teatro, com uma das peças, que tratava o consumo de água…gostoso mesmo era alguém acreditar na beleza das coisas, e despertar vontade criativa!
Por fim, a Ana Karina Manson, professora de língua portuguesa e atriz, que eu admiro muito. Músicas do Tom Jobim, Vinícius de Moraes, Chico Buarque…era ela que levava. E ela tem um costume, que não é pra muitos. Todos os anos, todas as turmas, promovem ao menos 4 saraus. Sabe o que é chegar numa sala de escola pública, montada em círculo, com todos os alunos preparadinhos pra recitar, aplaudir e se divertir com poesia? Era desde os mais nerds até os mais inquietos, todo mundo! Além de no fim do ano, cada um produzir sua própria antologia poética (todos faziam um combo de poesias próprias). Ela acreditava, em cada um, e me inspirou muito a acreditar também, e nunca ficar calado, e nunca se contentar com pouco, nem mesmo ficar parado.
Obrigada, mesmo, vocês me ensinaram muitas das coisas que eu sei ou valorizo hoje. Se todas as escolas tivessem professores assim…ahh, o Brasil seria bem melhor!

Homenagem ao professor

Somos a pérola de uma nação empobrecida de conhecimento
A razão da esperança de um povo que clama pela sabedoria.
Especiais, guerreiros, que lutamos contra um sistema que
massacra os cérebros, destruindo pensamentos

Somos responsáveis pela formação de uma classe de talento
Que acredita em sonhos, utopia, virtudes e verdades
A possibilidade de ver, enxergar além dos olhos
Combater a baixo auto-estima e dar novas possibilidades
Somos fortes
Somos semente
Somos a mente
Somos mestres

Feliz dia dos professores.
Luciano Braga